Mário Dionísio - Memória de um pintor desconhecido

Mário Dionísio - Memória de um pintor desconhecido

Os presos contam os dias br eu as horas br nesta prisão maior onde um olhar ficou boiando br e uma voz um som de passos perseguidos br na sombra perseguindo a segurança br fugidia br br Na cidade que amo e a sós comigo br é talvez só futuro ou já saudade br com alma bem nascida entre o fragor de máquinas, br cimento e energia atômica br indefeso entre irmãos de cárcere demando br a voz que foge os irmãos que não vejo br o brando olhar que guarda o meu desejo br e só consigo br ver o gomoso arrastar das horas e das horas br tantas horas br à baioneta marcadas por uma sentinela br aos quatro cantos da janela br gradeada br do dia- br a-dia onde não há br mais nada br br Que nada são os dias e os anos br para um tão grande amor que vou pintando br com o próprio sangue os meus e teus enganos br que há de nascer que há de florir que há de br e há de e há de br quando? br br Mário Dionísio


User: InVersos

Views: 1

Uploaded: 2015-03-21

Duration: 01:50

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