Assalto ao Castelo " A Lenda da Prensa" br As lendas e as tradições... br ...há muito, muito tempo, br o Castelo de Belmonte esteve cercado. A coragem e o valor dos belmontenses acrescentava-se dia a dia: defendiam as suas terras com a determinação de quem quer ser livre. Durante a noite o rufar do alarme crescia: olhos vigilantes atentos a ciladas, a fugas... cerceavam o inimigo. Travava-se uma luta de resistência com as armas poderosas da fome, do cansaço, da saudade da vida... Quem desistiria? br De um e de outro lado ouviam-se vozes que maldiziam a guerra. Gastavam o dia á espera de uma fraquesa daqui ou dalém...eles próprios enfraquecendo. E um manto de tristeza colava-se às gentes e terras, o coração pressago desenhava a amargura dos rostos. br Era um tempo sem tempo: media-se pelo desespero da espera de terminar o cerco, contar vencidos e vencedores. br Mas os chefes reinventavam estratégias e a luta prosseguia teimosa, obstinada, cega. Um dia a tragédia aconteceu. Olhos tresnoitados, esgotados, afrouxaram a vigilãncia. A filha dp alcaide do castelo brincava alegre e despreocupadamente. Como brincam todas as crianças. Alheada no mundo que era o seu, deixou que lhe pegassem ao colo. Estava tão habituada à ternura das gentes do castelo...Como reconhecer o inimigo? Homem igual aos outros... br Só depois temeu o passo apressado. Tremeu com o olhar frio. Assustou-se com o peso das mãos fortes que a aprisionavam. E chorou... Raptaram-na para moeda de troca: br -"A vida da tua filha está nas nossas mãos! Rende-te!" - gritava o inimigo. br -"Entregar o castelo? Nunca!" - repetia o alcaida, enlouquecido. br Não acreditava nas palavras que ouvia. A filha tinha desaparecido, era verdade. Mas quem seria capaz de sacrificar a vida de uma criança? br O coração segredava-lhe que o rapto era impossível , mas na cabeça faziam eco as palavras: br -"A vida da tua filho ou o castelo!" br Não houve rendição. Conta-se que o alcaide chorava de dia e de noite a sua menina desaparecida... A lenda garante que a ameaça do inimigo se cumpriu e que a "prensa" esculpida em pedra no pelouronho de Belmonte e na igreja de S.Tiago serviu de instrumento de tortura. Um sacrifício a que assistiram os que não cegaram de dor e de revolta. A Prensa, "Antigo Brasão do Concelho", símbolo do sofrimento de quantos resistiram na defesa do castelo. br Belmonte gravou na pedra e na memória dos homens o testemunho da crueldade da Guerra, um apelo permanenta à Paz.